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13 de fevereiro de 2017

Entrevista: Odontologia Hospitalar

Para trazer mais informações sobre o tema Odontologia Hospitalar, o CRO-MS conversou com as Cirurgiãs-Dentistas,  Anahi L. A. Philbois e Regina M. Raffaele, que integram a equipe multiprofissional do Hospital Santa Casa de Campo Grande.

 

Confira:

 

1- Qual a importância da intervenção odontológica no ambiente hospitalar?

 

A Odontologia hospitalar visa à assistência ao paciente hospitalizado, podendo ser definida como o conjunto de ações preventivas, diagnósticas, terapêuticas e paliativas em saúde bucal. O paciente internado deve ser monitorado pelos dentistas que atuam no ambiente hospitalar, que têm o papel fundamental na avaliação da saúde oral. No exame clínico podem ser observadas alterações orais, sendo elas: saburra lingual, tártaro dentário, matéria alba, bordo cortantes, cavidade aberta, raiz residual, mobilidade dentária, doença periodontal, lesão tecidual, prótese removível e manifestações patológicas.

 

2-  Por que a atuação do CD pode prevenir a pneumonia associada a ventilação mecânica?

 

A instituição de um protocolo de higiene oral realizada por um cirurgião-dentista devidamente capacitado traz benefícios na qualidade de vida e na recuperação dos pacientes, além de que os custos dos protocolos preventivos são muito menores, podendo chegar a 10% do custo investido no manejo dos pacientes com pneumonia nosocomial instalada. Diversos estudos já avaliaram a eficácia da descontaminação oral na prevenção das pneumonias nosocomiais, comprovando que uma adequada higienização da cavidade oral se faz necessária para prevenção dessa patologia. A higiene oral sistematizada é reconhecida por renomadas organizações internacionais; como uma estratégia essencial na prevenção da PAV. Verificou-se que a incorporação da rotina de higiene oral pode reduzir em até 60% os índices de PAV.

3- O que é o protocolo AMIB de higiene bucal?

 

 A AMIB, Associação de Medicina Intensiva Brasileira, formados por médicos e demais profissionais da saúde que se interessem pela terapia intensiva e atendimento a pacientes graves ou de alto risco, esse protocolo foi elaborado por profissionais que atuam no ambiente hospitalar, enfermeiros e dentistas, com o objetivo de implementar a rotina de higienização bucal.

 

4- Por que é importante a intervenção de um cirurgião-dentista em pacientes em UTIs?

 

 A intervenção odontológica nos pacientes na UTIs contribui na avaliação de presença ou ausência de próteses fixas e/ou removíveis, alterações salivares, mobilidade dental, sangramento ou lesões por mordeduras, edemas de lábios ou peribucais e avaliação da fixação do tudo orotraqueal que podem estar causando trauma na comissura labial.

 

Considero muito importante podermos contribuir de maneira decisiva para diminuição do risco de pneumonia nosocomial através da implementação a fiscalização do ‘Bundle de Prevenção de PAV’, dentre os itens a serem seguidos pelos técnicos em enfermagem engloba procedimentos realizados na cavidade oral, higiene oral, aspiração da secreção acima do balonete, drenagem de secreção subglótica contínua ou intermitente e prevenção da colonização orofaríngea.

 

5- A intervenção de um CD pode gerar uma economia aos cofres públicos e hospitais?

 

O cirurgião-dentista pode contribuir para redução do tempo de internação/permanência leito e racionalizar o uso de antibiótico e outros medicamentos e a indicação de nutrição parenteral periférica; fatos que contribuem substancialmente para a redução dos custos de internação. Outro dado muito importante é acompanhar junto à CCIH, centro de controle de Infecção Hospitalar, os dados quanto à incidência de PAV, vigilância epidemiológica, mudança do perfil microbiológico e desenvolvimento de resistência microbiana.

 

6- Como tem sido a experiência em hospitais que contam com CD?

 

No nosso caso fazer parte da equipe da UTI da Santa Casa de Campo Grande-MS, e podendo atuar juntamente na equipe multiprofissional, visa a oferecer ao paciente internado na UTIs uma assistência completa, evitando que ocorra agravos do quadro clínico inicial, impedindo a propagação de infecções.