A Sociedade Brasileira de Cardiologia – Regional Mato Grosso do Sul, realizou entre os dias 16 e 18 de outubro o XIX Congresso de Cardiologia de Mato Grosso Do Sul, no Centro de Convenções Arquiteto Rubens Gil de Camillo, em Campo Grande/MS.
Nesta edição, o evento teve como tema “Inovações Aplicáveis”. O objetivo foi discutir, com todos os profissionais da área da saúde ligadas a cardiologia, o que há de novo nos tratamentos, procedimentos e tecnologia.
O evento contou com a participação de aproximadamente 250 profissionais. A presidente da Comissão de Odontologia Hospitalar do CRO-MS (Conselho Regional de Odontologia de Mato Grosso do Sul), Juliana Setti, esteve no Congresso que apresentou abordagens na área da odontologia.
“A Dra. Ellen Cristina Gaetti Jardim do HUMAP falou sobre o “Uso de anticoagulantes x Assistência odontológica” e a Dra. Regina Raffaele, do Hospital Geral Militar, falou sobre a “Atuação da Odontologia no preparo pré-operatório para cirurgias cardíacas”. São dois assuntos de extrema relevância visto que as doenças cardíacas são as responsáveis pelo maior número de óbitos no mundo. Atualmente não é incomum depararmos com pacientes que sofrem de alguma cardiopatia e procura o Cirugião-Dentista. Temos que saber o manejo correto desses pacientes, visto que eles fazem uso de muitas medicações que podem interferir no nosso trabalho”, explica Juliana Setti
A representante do Conselho destaca a importância de uma equipe multidisciplinar no hospitais, mas ainda existem desafios a serem superados: “Hoje sabemos que para um atendimento integral do paciente é necessária a atuação em conjunto de toda uma equipe multidisciplinar. Em Mato Grosso do Sul o Cirurgião-Dentista está presente apenas no HU por causa da residência multiprofissional que contempla a odontologia. A maior dificuldade sem dúvida ainda é a fonte pagadora, como remunerar adequadamente o profissional que presta serviços no âmbito hospitalar, visto que os convênios na sua maioria apresentam tabelas de preços defasadas”.
De acordo com Juliana Setti a inserção do Cirurgião-Dentista no ambiente hospitalar pode prevenir uma série de complicações aos pacientes. “O dentista inserido no ambiente hospitalar avalia, diagnostica, interpreta exames e trata os problemas bucais dos pacientes internados, muitos em estado crítico. Já foram publicadas pesquisas que desvendam uma série de relações entre infecções que ocorrem na boca e problemas cardiovasculares, diabetes, obesidade, câncer, osteoporose, parto prematuro e nascimento de bebês abaixo do peso. Por muito tempo a medicina não reparou muito nela (na boca) e a odontologia cuidava apenas dos problemas localizados. Agora, as duas disciplinas se uniram para estudar a relação entre a saúde da boca e o que acontece no restante do organismo. E vice-versa.
Isso já é realidade nas redes hospitalares do Incor, por exemplo. Nenhum paciente é submetido a cirurgia cardíaca sem antes passar por uma minuciosa avaliação odontológica. Isso porque as bactérias que causam a doença periodontal podem facilmente se alojar nas válvulas no coração, e o paciente corre o risco de perder a cirurgia cardíaca, que é complexa e cara. Portanto, quando o dentista atua prevenindo e antevendo problemas ele está na verdade economizando recursos”, garante a profissional.