O CRO-MS chama a atenção dos profissionais para as medidas de controle da principal causa de mortes nas unidades de terapia intensiva (UTI): a Sepse.
A CARGA DA DOENÇA – A sepse hoje é responsável por mais óbitos do que o câncer ou o infarto agudo do miocárdio. Estima-se cerca de 15 e 17 milhões de casos de sepse por ano no mundo, sendo 670 mil só no Brasil. Um estudo mostrou que 30% dos leitos de terapia intensiva no Brasil estão ocupados com pacientes com sepse grave ou choque séptico. O aumento da incidência e a progressiva gravidade desses pacientes faz com que os custos de tratamento também sejam elevados.
VIDAS PERDIDAS – A letalidade nas UTIs brasileiras é de 55%. Em 2010 pelo menos 16% dos atestados de óbito no Brasil tiveram sepse como uma das causas de morte, dados estes possivelmente substimados. Os dados do Instituto Latino-Americano de Sepse (ILAS) mostram letalidade de 46%, porém, com diferença entre instituições ligadas ao SUS (58,5%) e aquelas ligadas à saúde suplementar (34,5%).
Cirurgião-Dentista no combate à Sepse:
Segundo Amaral et al. (2009), nas UTIs a maior parte das pneumonias hospitalares são, de fato, casos de pneumonia associada à ventilação mecânica (PAVM), podendo ocorrer em 8-38% dos pacientes. Após 48h da admissão em UTI, todos os pacientes apresentam na orofaringe colonização por bacilos gram-negativos, frequentes agentes etiológicos das pneumonias nosocomiais, passando então o biofilme a ser considerado um importante reservatório de patógenos respiratórios. O início desta infecção pulmonar está relacionado à aspiração de bactérias patogênicas nas vias aéreas, oriundas da inflamação dos tecidos periodontais devido presença do biofilme bucal resultante de uma higiene oral insatisfatória (SCANNAPIECO, 2006).
Segundo Santos et al (2008), Oliveira et al (2007) e Morais et al (2006), pacientes internados nas UTI, na maioria das vezes, não possuem higienização oral adequada, possivelmente pelo desconhecimento de técnicas de higienização pelas equipes de terapia intensiva, e pela ausência do relacionamento interprofissional odontologia/enfermagem. Esta condição de deficiência de higiene oral em pacientes críticos desencadeia freqüentemente periodontites, gengivites, otites, rinofaringite crônicas, xerostomia potencializando focos de infecções propícias à pneumonia nosocomial.
A instituição de um protocolo de higiene oral realizada por um cirurgião-dentista devidamente capacitado traz benefícios na qualidade de vida e na recuperação dos pacientes, além de que os custos dos protocolos preventivos são muito menores, podendo chegar a 10% do custo investido no manejo dos pacientes com pneumonia nosocomial instalada.
A atuação do cirurgião-dentista altera positivamente o quadro clínico dos pacientes, minimizando fatores que possam influenciar negativamente o tratamento sistêmico, já que a condição oral pode alterar a evolução e resposta ao tratamento médico. Assim, considerando o conceito ampliado de saúde, faz-se indispensável a atuação do cirurgião-dentista no hospital.
A pneumonia pode evlouir facilmente para uma sepse se não tratada a tempo. A higiene oral com clorexidina já faz parte dos "pacotes" de medidas preventivas da sepse e pneumonia, assim como lavagem das mãos, por exemplo.
Confira os 7 passos de prevenção: http://www.orgulhodeserintensivista.com.br/